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sobre estados de alma e outras insignificâncias... :)

07
Mar13

Ao contrário

por Lazy Cat

do que se diz por aí, Beauty não é apenas uma coisa de dentro. 

 

Não consigo concordar com isto. oh, sim! é maravilhoso ser-se lindo por dentro. Ou deve ser. Não sei porque eu não sou. Acho até que a minha única qualidade é não ser invejosa, sendo que o meu pior defeito será meter-me na minha vida e pronto. Mas meter-me na minha vida apenas porque me estou nas tintas para a vida dos outros. Porque eu quero lá saber se estão, vão ficam, fizeram, foram, viram ou até se existem! Tenho uma vida, apenas. A minha. E na minha vida eu quero pessoas com qualidades e defeitos que não ofusquem as minhas e não evidenciem os meus! E quero à minha volta, apenas, gente bonita! E não vale a pena virem com discursos. Eu não disse gente maravilhosamente bela e oca. Disse gente bonita. 

 

Gente bonita. 

Gente que sabe que a short call is enough to make me smile. Gente que se lembra de telefonar não para saber como estou mas porque se lembrou que um dia comemos ali por onde anda um frango aromático maravilhoso! gente que gosta de chá aos litros e pelo menos outro tanto de conversa(s). E que não tem um relógio no coração! Gente descomplicada! no biterness attached. Podem ser de todos os tamanhos e de todas as cores. Podem falar qualquer língua ou até nem dizer nada, desde que sejam pessoas inteiras, sólidas, frágeis, amorosas, sensíveis, venham em que embalagem vierem. Só há uma condição para ser gente bonita: saber sorrir à vida! 

 

Mas como eu dizia, isto não é só uma coisa de dentro e não me apetece estender-me mais nisto, porque podia, tinha muito por onde mas, o que era importante dizer, para além de que só há espaço para gente sorridente, é que quero gente imperfeita, consciente disso e a trabalhar nisso. Because we all are a work in progress and if we are not our own, then we will be someonelse's work. Would you like that? 


Ao contrário do que se diz, a beleza não vem de dentro. Constrói-se. Por dentro e por fora. E quer se queira quer não, é mais fácil perdoar a quem é bonito por fora o menos bom que leva dentro do que perdoar ao bonito por dentro não o ser também por fora! 


 

 

Life is the strangest story of them all. Procurava eu uma imagem para ilustrar este post quando surgiu esta, que me pareceu completamente adequada. Até porque me faz lembrar um maravilhoso contador de estórias e outros dois sorrisos que me aquecem a alma. E afinal há verdade até nos contos de fadas...

 

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04
Fev13

O tempo muda-nos

por Lazy Cat

 

Não só o tempo meteorológico, que tem esse poder imediato a partir do momento em que abrimos os olhos, cada dia, mas o tempo tempo.

 

Aquele que contamos em manhãs e tardes, horas, dias, anos, séculos. Os séculos terão pouca influência directa sobre nós. Já dos anos não posso dizer o mesmo.

 

O tempo muda-nos. Molda-nos. Transforma-nos em algo que não éramos. Aguça pontas, amacia cantos, alonga tarefas, diminui prazeres…o tempo muda-nos. Inexoravelmente. Acho que esta é daquelas palavras que não consigo deixar de usar. É bastante mais fácil, rápido e simples usar uma só palavra para expressar uma ideia do que várias. Gosto bastante mais de dizer que o tempo nos muda inexoravelmente do que “o tempo muda-nos e essa mudança é algo a que não se pode escapar” mas não se pode.

Há uma mudança física, lenta, gradual, mas certa. Há mudanças na maneira de fazer certas coisas, fruto de aprendizagem e experiências. Muda-nos o tempo e mudam-nos as pessoas com quem nos cruzamos ao longo do tempo.

 

Disse há poucos dias que, chegada aos quarenta anos, tenho noção de que fiz algumas coisas bastante mal, por não dizer que fui péssima em determinadas áreas, e que pretendo, daqui para a frente, fazer melhor. Responderam-me que já temos mais experiência, mais maturidade, que é perfeitamente normal esperar que assim seja.

 

Mas, porque isto nunca é assim tão linearmente fácil, porque muitas vezes, sozinhos, aprendemos mal, porque não trazemos pendurado da orelha direita o manual de instruções para a vida que (parece) escolhemos, muitas e muitas vezes desistimos de fazer o caminho, estando assim, a perpetuar o erro. E, desistindo, não aprendemos nada?

Aprendemos, mas só muito tempo depois é que conseguimos ver que há um padrão, logo, só muito tempo depois é que podemos mudar (ou não) esse padrão. Logo, talvez tivéssemos aprendido algo antes (há mais tempo) se não nos tivéssemos sentado à beira do caminho com a cabeça em baixo e os braços caídos. Digo, sentado à beira do caminho, poderia dizer se não nos tivéssemos atravessado noutro caminho qualquer e o tivéssemos reclamado como nosso, certos de que desta é que ia ser….pois, pois…

 

Quero falar de insistir. Da quantidade de vezes que eu achei que, se estava a ser muito difícil, era porque eu estava a fazer algo errado e de todas as vezes em que, para evitar cair no erro de desistir a meio me forcei a querer levar a bom porto coisas que não tinha capacidade para carregar. Mas, convencida que sem esforço nada se faz, que se me esforçasse muito ia conseguir, insisti e insisti e insisti…no mesmo erro. Anos a fio.

 

E então? Em que é que ficamos? Desistir e ficar sentados à beira do caminho não é opção. Insistir, pelos vistos, também não leva a lado nenhum. E então, volto a perguntar? O que é que se faz? Como é que se faz? Qual é a regra?

 

E não é que, com esta última perguntei acertei na resposta? Não há regras. Mas há uma regra. A mesma regra que funcionou para mim durante vinte anos inteiros ou até quem sabe, um pouco mais. A regra é simples: faz-se aquilo que nos faz bem. É parar? Paramos. É avançar? Então avançamos. É correr devagar? É isso que se faz. E agora? Agora é voltar ao mesmo caminho? Volta-se. Até se desistir tantas vezes que já não se volta lá ou, até chegar ao fim. Ou até estarmos tão cansados de caminhar que nos voltamos a sentar. Ou…seja qual for a escolha, não há senão uma regra. Fazer aquilo que nos faz bem. Não, não é a liberdade total. Todos estamos enquadrados numa estrutura e a nossa liberdade está condicionada às arestas e cantos da mesma mas, dentro dessa, só há uma regra: escolher o que me faz bem. Ainda que amanhã me faça mal e isso me leve a escolher outra coisa. Que, quero acreditar, me fará bem. Mesmo que o tempo passe e com ele tudo mude. Mesmo que me torne impaciente, vaidosa, mesmo que franza o nariz sem pudores ao que me desagrada, mesmo que isso não faça bem a outros. Mesmo que se me esgote a paciência, mesmo que o tempo faça de mim alguém menos espontâneo, mesmo que me canse e precise de andar mais devagar, mesmo que precise de um ouvido amigo, de um ombro, de uma mão. Mesmo que o tempo faça com que, aos quarenta anos, perceba que aos vinte, estava certa na essência e que, por vezes, é preciso estar muito mas muito afastados do caminho para lá conseguir voltar.

 

O que se sabe aos quarenta com vinte sem perder a irreverência, queriam, não queriam?

 

 

 

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03
Fev13

Closure

por Lazy Cat

Há algum tempo escrevi, noutro sítio, que por vezes era preciso expurgar as coisas.

Despachar o velho, o gasto, tudo o que já não serve ou não se adapta ao nosso presente para assim fazer espaço para o novo. Este novo, este de que falo, não precisa ter nome, forma, cor ou sequer necessita de qualquer tipo de definição à priori.

 

Eu quero é ter espaço na minha vida, nesta vida da qual estou cada vez mais consciente, que pretendo tornar cada dia mais simples e preenchida, espaço para o que se apresentar pelo caminho e faça sentido deixar entrar. Por vezes, exactamente quando nos preparamos para abrir mão de alguma coisa, uma peça de roupa, por exemplo, viajamos, porque aquela camisola ainda tem aquele cheiro, para um lugar que a nossa memória se encarregou de tornar mais quente, mais nítido ou até mais bonito do que na realidade foi. Assim começa a pilha do "mais tarde decido".

 

Assim ficam uma, duas, três pedras e assim, há sempre caminho. Não, não queria dizer migalhas. Estas, por um feliz acaso, podem servir de alimento a algum passarinho, que nos apague o mapa, involuntariamente, claro está, impedindo-nos, ainda assim, de refazer esse percurso. Já as pedrinhas, mesmo que os atraiam, jamais serão engolidas inadvertidamente. Por isso escolhi falar em pedrinhas. Porque, enquanto há pedras há caminho e, se as migalhas podem desaparecer como por magia, as pedrinhas, as pedras, essas só saem quando voluntariamente as espalhamos, apagando assim o trilho que nos leva de volta àquilo que, na nossa memória, tem a dimensão da quase perfeição.

 

Fechei esse outro sítio onde escrevia sobre sentir. Equivale a espalhar algumas pedras. Cortar a linha branca que luz no escuro da noite desta estória. Para conseguir fazer isso, tive que voltar a esse lugar. E é de lá que chego, mais uma vez arranhada, ferida mas agora sorridente: voltei. E no regresso consegui tresmalhar muitas das pedras que faziam caminho. Tive também o cuidado de fechar a porta. E a chave perdeu-se na densa floresta agora salpicada aqui e ali de pequenos brilhos brancos.

 

Falta fechar uma única coisa. Mas hoje sei que também isso se pode fazer com AMOR.

 

I'm almost there.

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No luxury and no comfort, no delight and no pleasure, no new liberty and no new discovery, no praise and no flattery, which we may enjoy on our journey, will mean anything to us if we have forgotten the purpose of our travels, and the end of our labours (Isaiah Berlin)





"If you are lucky enough to find a way of life that you love you have to find the courage to live it."
John Irving