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sobre estados de alma e outras insignificâncias... :)

10
Mai13

psr

por Lazy Cat

No final do que pretendo (pretendo é a palavra certa, a maioria das vezes disperso-me) escrever, estará a definição mais correcta e fácil de entender que encontrei da sigla PSR. In english, of course, mas se não sabem ler inglês vão ao google e pesquisem! Pretendo então falar do meu do caminho. Alguém que conheço intimamente, costuma dizer que só se sabe onde era o meio depois de chegar ao fim. Não concordo. Pode ser uma teoria válida, tivesse ele a capacidade de argumentar a seu favor e talvez não estivesse a dar esta frase como exemplo mas não tem, logo, dou! 

 

Não vou falar de aeronáutica. Não sei nada desse assunto. Vou falar de relacionamentos. Ok, é verdade, pode dizer-se que sei pouco deste assunto também. Mas vou falar-vos de um relacionamento especifico. Do meu relacionamento com determinada pessoa, claro. Só faltava vir para aqui falar dos relacionamentos dos outros. Se podia? Claro! até era capaz de estar para aqui a escrever durante horas sobre aquele casal que vi hoje na esplanada, todo mimos, e cujos "wedded" pares não eram aqueles com quem estavam mas, sinceramente, prefiro falar do que conheço e de mim. Quem não tiver vida que fale da vida dos outros, que se atice com as dentadinhas dos outros, que se perca em guerrinhas de carácácá nos mundos virtuais porque, assim como assim, a vida que tem não passa de um rol de virtualidades pontuado por alguns encontros físicos.  

 

Enough. Voltemos ao PSR (Point of Safe Return). Há formas de se calcular o momento em que, num voo, se passa o referido ponto. São fórmulas matemáticas simples. Que se fosse possível transferir para um calculo de sentimentos eu aconselhava se aplicassem a todos os relacionamentos. 

 

Sou louca, sim. Não é novidade. Sou louca pela vida! Sou loucamente apaixonada pelo sol e apaixono-me loucamente também. E travar uma coisa destas é complicado. E perceber que já se ultrapassou o PSR também. Mas, toma-se consciência. Demora, trabalha-se, chora-se, fazem-se fitas, batem-se pés e, teima-se. Teima-se muito e um dia, aceita-se que o ponto já foi em muito ultrapassado e que there is no safe way to get back on that relationship. 

 

E, da maneira possível, a maior parte das vezes, sai-se de cena. Digo da maneira possível porque nem sempre, que é como quem diz, na minoria das vezes se conseguem fazer as coisas bem feitas. Se depende só de nós? NÃO! Terminar uma relação da melhor maneira possível depende tanto de nós como do outro e se este não fez parte da construção de uma relação saudável acham, sinceramente que se pode contar com essa pessoa para um corte limpo, seja ele mais ou menos profundo? Eu não digo que me disperso? 

 

Portanto, depois de ser ter a noção clara de ter ultrapassado o PSR, sai-se de cena. Com tudo o que isso tiver que implicar e a pessoa que fica para trás vai à sua vidinha e nós à nossa. WRONG! A pessoa que fica para trás, agarra-se ao que pode para mostrar àquela que saiu de cena que afinal fez muito bem. Que essa saída lhe proporcionou oportunidades únicas e que está muito melhor agora. Porreiro pá! Eu até estava aqui quieta no meu canto mas gostei muito de saber que estás bem e feliz. Continua. Fico realmente feliz porque sempre te quis "apenas" bem. 

 

O primeiro alerta, ou seja aquela palpitação no coração, os olhos marejados de lágrimas e tal, é completamente ignorado. Fica-se assim, ali na corda-bamba um dia ou dois. E respira-se fundo. Ok, still safe. Tracing a new route. (ou Rute, digam lá que esta frase não foi feita para mim!). 

 

E então, a tal pessoa que deixámos no tal cenário e que é agora maravilhosamente feliz, apanha-nos assim de lado à grande com um inesperado: "ainda te amo muito e sinto muito a tua falta" OUTCH! A corda treme e treme e treme e ai....aí vem a maldita queda e eu que até tenho o cabelo arranjado e as unhas e tal e não me apetece estragá-las no muro...acabo por me estatelar no chão pelas mais válidas razões. 

 

E isto dura e dura e dura. E, atenção, isto piora. No meio de tudo isto, eu volto à corda. Um tanto maltratada, mas volto. E, ele volta à carga. E assim, de melhores em piores dias, de amo-te em odeio-te se passa mais de um ano de relacionamento. Sim, sim. Relacionamento. Pensavam que isto tinha acabado lá atrás? Estavam enganados. E posso apresentar-vos pelo menos duas boas razões para isto não ter acabado. Uma sou eu. 

A outra é ele. :-) Gostaram, não gostaram? imaginei que fossem gostar...

 

FACTO: A determinado momento ao longo deste ano e muitos meses(quando eu digo que sou lerda, deviam acreditar em mim...), eu percebi que o PSR dele em relação a mim tinha sido ultrapassado. Que raio quero eu dizer com isto? Quero dizer que é impossível fazer asneira a tempo inteiro, não medir as palavras, não medir os actos, não medir os gestos e esperar que aquilo que fazemos e dizemos nos traga bons frutos. Porquê, se há tanta gente intragável que se sai lindamente? Sai? De certeza que podem dizer isso de alguém? com base em quê?

 

Portanto, a determinada altura, já vimos tanta mas tanta asneira, já ouvimos tanto disparate, já nos deixámos envolver emocionalmente tantas vezes para além da conta, para recuar, voltar a ficar no meio da confusão, com os sentidos todos trocados, recuar e tentar ver as coisas de fora, ver o precipício e como ele se dirige para lá a passos largos, ir lá, meter-se no caminho dele, sabendo que ia ter um preço, mas ainda assim ir lá, evitar que ele caia no fundo do buraco, voltar a entregar os pontos na esperança de ajudar quem não quer ajuda e nos trata a pontapé, já fizemos também tanta asneira em nome do altruísmo que somos MESMO OSBRIGADOS a parar e distanciar-nos, procurar outra perspectiva. Boa?

 

Boa! Então, à luz desta perspectiva nova, em que, por algum milagre, conseguimos mudar as regras do jogo, não deixar que os sentimentos se metam à frente e fazer uso da inteligência que Deus nos deu, percebemos que, no percurso de destruição que está a fazer para dentro das nossas vidas, aquela pessoa que tanto amamos (amámos?) ultrapassou o PSR e está, portanto numa situação em que podemos nós, tomar as rédeas da coisa. Ele não tem noção do quão longe já foi. Nem calcula que exista uma coisa cuja sigla seja PSR e não se refira a Price/Sales Ratio e que seja efectivamente possível moer tanto mas tanto alguém que nos quer bem que esse alguém passe a estar-se positivamente nas tintas (juro que se não fosse no blog eu teria dito isto de forma muito menos polida) para Sua Excelência e passe a tratar-nos exactamente como tem sido tratada ao longo do tempo por Sua Alteza Real ou wannabe...tão wannabe que é preciso vir justificar a público e olha lá que público a origem dos nick names que se escolhem! Adiante. 

 

Dizia eu então, entre curvas e contra-curvas que, as outras pessoas, certas de que o que sempre fizeram vai continuar a ter o mesmo resultado, (sim, há gente para quem a manutenção do Status Quo é um imperativo) avançam alegremente na nossa direcção, destruindo várias coisas, entre elas a linha (mais ou menos frágil) que nos mantém presos um ao outro. E, quando isso acontece, e se confrontam com uma menina já não preocupada em "salvar" o homem que ama dos disparates que faz mas a salvar a vida dela dos disparates dele, as coisas mudam rapidamente de figura. é verdade. Mudam mesmo. O jogo de forças inverte-se na medida em que antes, prevalecia o amor pelo outro, o sentido de dever, a necessidade de fazer alguma coisa pelo outro e agora prevalece uma coisa estranhíssima e bué rara chamada amor-próprio, de par com outra coisa digna de investigação, denominada, vejam só, self-respect!

 

Não se enganem, o altruísmo pode ser a maior de todas as formas de egoísmo. Precisar tanto de "salvar" o outro para nos conseguirmos sentir bem é, em última análise, a maior de todas as idiotices. É entregar de bandeja tudo quanto somos, e que até podemos valorizar bastante, a alguém que vai olhar para a bandeja, achar que lhe dá jeito para encobrir o sol (apropriado, não é? encobrir o sol com uma bandeja é mais eficaz do que com uma peneira, embora o resultado seja parecido) e atirar o conteúdo às urtigas sem qualquer hesitação. 

 

Quanto a vocês não sei, mas a minha pele reage mal às urtigas. Conheço muito bem a dele e sei que também. Tenho a vantagem (mínima e muito recente) de estar do lado de cá do PSR, afastada e atenta. As urtigas são do jardim dele, seguindo a máxima de "que o que está no meu quintal é meu" acho que lhe devo devolver as urtigas. Não concordam? Nem preciso de arranjar outras. As que ele próprio me destinou servem perfeitamente e atingem o alvo na perfeição. Porquê? Porque eu era o espelho. Ele olhava, via o desastre que é no espelho e dedicava-me tudo aquilo que não era capaz de aceitar para si. E eu, durante demasiado tempo, guardei tudo. Com mais ou menos cuidado, mais ou menos mossas. Mas chegou o calor e o raio das urtigas mirraram e secaram todas! Mas no jardim dele continuam a crescer, verdes e viçosas! E mais, ele faz questão de as ir alimentando e de me ir atirando bastantes ainda, aprovisionando sem querer o meu arsenal. (for almost free)

 

Do PSR para cá, quando somos o ponto a atingir, temos uma postura muito diferente. Não nos compete fazer nada. Nada de nada. É tarefa de quem vem tratar de chegar a nós. Compete-nos, apenas e tão só, devolver o sinal de radar. Sabem como funciona? Muito basicamente assim. Preferia ter encontrado isto em português mas...não encontrei!

Ora então, eu estou, quieta, no meu canto. Ou seja, calmamente e devagar, a reconstruir a minha vida. Ainda estou à distância do sinal dele MAS apenas para devolver o que me é enviado. Exactamente como se pretende que funcione terra firme. Terra firme, boa? No longer the swinging thing...Terra firme. Eu, devolvo letra por letra, ponto por ponto cada tentativa de ofensa e de ataque e confirmo cada decisão e atitude no mesmo tom e com a mesma imobilidade. Sou e o resto que se...lixe! Pensaram, não pensaram??? Eu também!

 

Em resumo ou numa tentativa de não me alongar mais e chegar aonde quero: Quando alguém vem na nossa direcção, só nos compete dizer e confirmar, sempre que necessário, onde estamos. Quem vem que cuide dos detalhes técnicos. Quem vem escolhe como fazer o percurso. Não apenas isso mas "Continuing passed the PSR you are now committed to landing at your destination". A vos risques et périls. Às suas próprias mãos!

Passou o PSR? Tem noção disso e encontra a estratégia que o faça chegar onde deseja. Ou não tem. E espalha-se. Por mais que a Ilha que eu sou lhe envie as coordenadas certas a intervalos regulares, não me mexo um centímetro que seja. Fiz demasiadas vezes a caminhada e paguei (estou a pagar) um preço demasiado elevado por esta nova segurança.

 

No man is an Island. Yeah…

But a girl can be. And, believe me, life is one good and funny thing on most parts of me! 

 

 

 

The Point of Safe Return (PSR) is the last point on a route at which it is possible to return to the departure airfield arriving back with the required fuel reserves still available in the tanks. Continuing passed the PSR you are now committed to landing at your destination. 

Time (to PSR) = E x H / 0 + H 

E = Safe endurance based on available fuel 

H = Ground speed home 

0 = Ground speed out



K.Haroon courtesy - from here

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