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sobre estados de alma e outras insignificâncias... :)
Há verdades Universais? Há perspectivas da mesma verdade? A verdade que eu observo, aquela que vivo, aquela que sinto, está sujeita a subjectividade? Ou é, apenas, una, única, igual para todos que a observam? É apenas verdade para mim? Será verdade apenas se muitos concluírem como eu? Quantos indivíduos deverão ver, sentir e observar como eu para que a minha verdade seja uma verdade Universal? E até que ponto interessa saber se a minha verdade é Universal ou não? Afinal, se a vejo, a vivo e a sinto, para mim é verdade. Carece a minha verdade de validação externa, alheia a mim para se tornar verdade?
Será tudo uma questão de perspectiva, sendo que o que está à frente de quem está ao meu lado oculta uma parte do que eu vejo e lhe mostra uma realidade diferente e impede, assim, que vejamos a mesma realidade? E se sucessivamente se escondem e mostram diferentes facetas da mesma realidade consoante o ponto de vista do observador, isso invalida que a minha opinião seja real? Invalida a minha verdade? Invalida que tenha sobre determinada pessoa uma opinião, para mim, verdadeira, o facto de outra pessoa ter uma opinião diferente? Quem julga e determina o que é verdade para mim senão eu através da minha perspectiva? E se eu tenho de determinada pessoa uma opinião, formada através da observação das facetas que me foram dadas a conhecer, quem pode dizer que estou errada e como poderei eu dizer que quem discorda de mim não vê a verdade? Se afinal, “ Todo o conhecimento o é sob um determinado ponto de vista”, o meu conhecimento (ou seja a minha verdade ou a minha realidade) não deixa de ser verdadeiro, apenas porque tenho um ponto de vista único, mas passa sim a ser real, ou existir como realidade, (para mim) exactamente pelo facto de provir do meu ponto de vista único!
O erro inveterado consistia em supor que a realidade teria em si mesma, e independentemente do ponto de vista que se tiver sobre ela, uma fisionomia própria. Claro que, pensando assim, toda a visão a partir de um ponto determinado não coincidiria com ela e portanto seria falsa. Mas o caso é que a realidade, tal como a paisagem, tem infinitas perspectivas, todas elas igualmente verídicas e autênticas. A única perspectiva falsa é a que pretende ser única.
Logo, a opinião que tenho de determinada pessoa, será tão verdadeira e válida como a de qualquer outra pessoa, concorde ela comigo ou não. O que já não é verdade é que um perfeito idiota o deixe de ser apenas porque uma perfeita idiota se recusar a aceitar esse facto como verdade! Da mesma maneira, uma opinião sobre mim será tão verdadeira quanto a perspectiva e o (real) conhecimento que a pessoa tenha de mim, para fundamentar a opinião que tem, tornando a sua verdade única para si através da perspectiva (posição, tempo e filtros) com que me observa.
E com isto, tenho dito e concluo.
Parcialmente baseado em “El tema de nuestro tiempo” - Ortega y Gasset
imagem daqui
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