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sobre estados de alma e outras insignificâncias... :)
Há algum tempo escrevi, noutro sítio, que por vezes era preciso expurgar as coisas.
Despachar o velho, o gasto, tudo o que já não serve ou não se adapta ao nosso presente para assim fazer espaço para o novo. Este novo, este de que falo, não precisa ter nome, forma, cor ou sequer necessita de qualquer tipo de definição à priori.
Eu quero é ter espaço na minha vida, nesta vida da qual estou cada vez mais consciente, que pretendo tornar cada dia mais simples e preenchida, espaço para o que se apresentar pelo caminho e faça sentido deixar entrar. Por vezes, exactamente quando nos preparamos para abrir mão de alguma coisa, uma peça de roupa, por exemplo, viajamos, porque aquela camisola ainda tem aquele cheiro, para um lugar que a nossa memória se encarregou de tornar mais quente, mais nítido ou até mais bonito do que na realidade foi. Assim começa a pilha do "mais tarde decido".
Assim ficam uma, duas, três pedras e assim, há sempre caminho. Não, não queria dizer migalhas. Estas, por um feliz acaso, podem servir de alimento a algum passarinho, que nos apague o mapa, involuntariamente, claro está, impedindo-nos, ainda assim, de refazer esse percurso. Já as pedrinhas, mesmo que os atraiam, jamais serão engolidas inadvertidamente. Por isso escolhi falar em pedrinhas. Porque, enquanto há pedras há caminho e, se as migalhas podem desaparecer como por magia, as pedrinhas, as pedras, essas só saem quando voluntariamente as espalhamos, apagando assim o trilho que nos leva de volta àquilo que, na nossa memória, tem a dimensão da quase perfeição.
Fechei esse outro sítio onde escrevia sobre sentir. Equivale a espalhar algumas pedras. Cortar a linha branca que luz no escuro da noite desta estória. Para conseguir fazer isso, tive que voltar a esse lugar. E é de lá que chego, mais uma vez arranhada, ferida mas agora sorridente: voltei. E no regresso consegui tresmalhar muitas das pedras que faziam caminho. Tive também o cuidado de fechar a porta. E a chave perdeu-se na densa floresta agora salpicada aqui e ali de pequenos brilhos brancos.
Falta fechar uma única coisa. Mas hoje sei que também isso se pode fazer com AMOR.
I'm almost there.
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