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sobre estados de alma e outras insignificâncias... :)


28
Ago13

Escuta

por Lazy Cat


Escuta, Amor

 

Quando damos as mãos, somos um barco feito de oceano, a agitar-se sobre as ondas, mas ancorado ao oceano pelo próprio oceano. Pode estar toda a espécie de tempo, o céu pode estar limpo, verão e vozes de crianças, o céu pode segurar nuvens e chumbo, nevoeiro ou madrugada, pode ser de noite, mas, sempre que damos as mãos, transformamo-nos na mesma matéria do mundo. Se preferires uma imagem da terra, somos árvores velhas, os ramos a crescerem muito lentamente, a madeira viva, a seiva. Para as árvores, a terra faz todo o sentido. De certeza que as árvores acreditam que são feitas de terra. 

Por isto e por mais do que isto, tu estás aí e eu, aqui, também estou aí. Existimos no mesmo sítio sem esforço. Aquilo que somos mistura-se. Os nossos corpos só podem ser vistos pelos nossos olhos. Os outros olham para os nossos corpos com a mesma falta de verdade com que os espelhos nos reflectem. Tu és aquilo que sei sobre a ternura. Tu és tudo aquilo que sei. Mesmo quando não estavas lá, mesmo quando eu não estava lá, aprendíamos o suficiente para o instante em que nos encontrámos. 

Aquilo que existe dentro de mim e dentro de ti, existe também à nossa volta quando estamos juntos. E agora estamos sempre juntos. O meu rosto e o teu rosto, fotografados imperfeitamente, são moldados pelas noites metafóricas e pelas manhãs metafóricas. Talvez outras pessoas chamem entendimento a essa certeza, mas eu e tu não sabemos se existem outras pessoas no mundo. Eu e tu declarámos o fim de todas as fronteiras e inseparámo-nos. Agora, somos uma única rocha, uma única montanha, somos uma gota que cai eternamente do céu, somos um fruto, somos uma casa, um mundo completo. Existem guerras dentro do nosso corpo, existem séculos e dinastias, existe toda uma história que pode ser contada sob múltiplas perspectivas, analisada e narrada em volumes de bibliotecas infinitas. Existem expedições arqueológicas dentro do nosso corpo, procuram e encontram restos de civilizações antigas, pirâmides de faraós, cidades inteiras cobertas pela lava de vulcões extintos. Existem aviões que levantam voo e aterram nos aeroportos interiores do nosso corpo, populações que emigram, êxodos de multidões famintas. E existem momentos despercebidos, uma criança que nasce, um velho que morre. Dentro de nós, existe tudo aquilo que existe em simultâneo em todas as partes. 

Questiono os gestos mais simples, escrever este texto, tentar dizer aquilo que foge às palavras e que, no entanto, precisa delas para existir com a forma de palavras. Mas eu questiono, pergunto-me, será que são necessárias as palavras? Eu sei que entendes o que não sei dizer. Repito: eu sei que entendes o que não sei dizer. Essa certeza é feita de vento. Eu e tu somos esse vento. Não apenas um pedaço do vento dentro do vento, somos o vento todo. 
    Escuta, 
    ouve. 
    Amor. 
    Amor. 

José Luís Peixoto, in 'Abraço' 

 

 

 

 

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28
Ago13

amigos

por Lazy Cat

sim, é verdade. 

gosto muito dos meus amigos. muito mesmo. e sim, também é verdade que há posts que só são visiveis para os meus amigos. porquê? porque, se bem que nos expomos diariamente, na rua, em locais públicos, a nível profissional, etc, se bem que exponha aqui parte da minha vida, a verdade é que é parte e só isso. aquilo que todos conseguem ver, é quase como aquelas conversas que acontecem por vezes num banco de jardim, na esplanada, numa fila qualquer de espera, sei lá. sabe bem de repente falar de um assunto, muitas vezes rebatido até à exaustão com as nossas pessoas e para o qual não se encontra solução, e obter uma resposta fresca, uma visão distante e por vezes muito mais abrangente o que nos obriga, ou faz, ou ajuda a rever a nossa posição. 

 

sim, também é verdade que se não fomentar o comentário, e não o faço, não ando de blog em blog a comentar na esperança/desejo de receber comentários de volta, terei menos retorno. porque este LazyDays é uma espécie de diário de bordo da grande aventura da minha vida e é escrito por e para mim. porque é que então, o tornei público? porque se os meus devaneios, loucuras, desejos, anseios, aprendizagens, lágrimas, alegrias e sorrisos fizerem eco em alguém ou se alguém encontrar aqui, por uma vez que seja, algo que lhe desperte um sorriso, ou uma lágrima, terei tocado uma alma com a minha vida e isso, meus amigos, meus leitores, não tem preço. 

 

porque amigos, amigos verdadeiros, são uma coisa rara, reservo-lhes a tempo inteiro o melhor de mim. porque conviver é uma coisa complicada, procuro praticar, todos os dias, o Amor. Amor para ouvir, Amor para falar, Amor, amizade,  carinho e ternura, para fazer da vida uma muito maior, mais gratificante e deliciosa grande aventura. 

 

 

 

 

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27
Ago13

é mesmo

por Lazy Cat

só que nunca tinha pensado nisto assim!

então....também não posso pensar em tudo!!!

 

 

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22
Ago13

carry on

por Lazy Cat

não deixa de ser curioso que todas as músicas deste verão tenham uma linha positiva e leve, divertida.... :-)  esta é só mais uma que me diz muito, não só mas também porque veio pela tua mão. Obrigada! 

 

 

 

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22
Ago13

as rimas

por Lazy Cat

as minhas, pelo menos, estão em pausa. o LazyCat, meu chão e minha casa, durante tanto tempo, aguarda, sossegado, quieto, que a vida me traga de volta o prazer de rimar, poetar, brincar com as palavras. achava eu, como muitas pessoas, creio, que a melancolia era mãe da profusão poética. das duas uma, ou estava enganada ou não ando tão melancólica assim. ou talvez seja a infelicidade que gera poesia e se há coisa que não sou, é infeliz. 

 

talvez este peso, esta aperto, esta coisa que sinto no peito e não me larga tenha a ver com isso: abrir mão do que deixou de fazer sentido não é só aprender a desmaterializar a vida. é também (ou será, sei lá eu) deixar sem culpa ou tristeza para trás tudo o que faz parte de outra realidade. as pessoas, os lugares -sejam eles reais ou não, as letras que faziam palavras, as rimas de cada dia...as obrigações que se fazem agonia...

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21
Ago13

há coisas

por Lazy Cat
...de que eu não me quero livrar!

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21
Ago13

so good...

por Lazy Cat

sabem aquele prazer que é ter vontade de descobrir alguém que tem vontade de nos descobrir também? é tão bom, não é? 

sshhhiiiiiiuuuu.....as coisas boas são assim, para manter em surdina, baixinho.....shiu! :-)

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21
Ago13

os irredutíveis

por Lazy Cat

 

todos nós, de uma ou outra maneira, já estivemos nesta posição, como que entrincheirados nas nossas certezas...sendo impossível alguém conseguir "chamar-nos à razão". não que os outros tenham mais razão que nós e tenham, portanto, esse direito e/ou dever mas, porque muitas vezes, fora do nosso ser, da nossa vida, não estão "fundidos" com a nossa questão e conseguem vê-la de um plano (perspectiva) diferente e como tal, apreender aquilo que nós não temos de todo maneira de ver. 

acontece no entanto que, cheios de boas intenções nos trazem a perspectiva deles, envolta num manto de preocupação genuina e de "eu achos que devias". pessoalmente, tenho muita (também não é muita assim, é só alguma, -pois pois-) dificuldade em aceitar que os outros me venham com "eu achos que devias" ou "tens ques". ouço, paciente e agradecidamente (quando me lembro que é preciso praticar a escuta activa para se responder assertivamente, quando não interrompo logo a coisa e já está!), aceito a opinião que a pessoa tem relativamente à minha vida, sim, porque nós só vamos de mansinho dar conselhos quando se trata da vida dos outros, muitas vezes consigo ver as coisas daquele ângulo até, e fico agradecida pela preocupação. mas quando chega o tom paternalista e tal, confesso, já estou longe, muito longe de estar a ouvir a conversa. 

mas isto sou eu. e não é só de mim que se trata. trata-se de falar das pessoas que, absolutamente convencidas de que estão no caminho certo, que estão a fazer o que querem fazer, que é assim que querem viver, não conseguem ver que estão numa espiral descendente, que vai levá-las a um lugar tão profundo que muitas vezes terão que por lá ficar. falo de pessoas que magoam outras pessoas, se magoam magoando outras pessoas, criam de si uma imagem triste e, do alto da guarita em que se instalaram, não se apercebem que estão cada vez mais isolados, distantes e sós. falo de gente que amo, de gente que me é indiferente e falo, também de mim, pois não sou imune ao síndrome da auto-suficiência, longe disso! 

também sou dada, mas cada vez menos, a achar que sei como é que os outros devem viver a vida deles. por outros, entendam-se aqueles cujas vidas tocam directamente a minha. e se digo directamente é porque há muita gente cujas vidas tocam a essas, que me contento em ver passar e sobre cujas vidas não me dou sequer ao trabalho de formar opinião, embora por vezes as ache estranhas. estranhas para mim, que me rejo por um conjunto de valores que, quiçá, estejam fora-de-moda. mas a mim, servem-me. sempre me serviram e não arredo pé de determinadas posturas. com isto não quero dizer que não cometo erros, não faço asneiras e estou quase a ser canonizada. a verdade é que faço um monte de disparates todos os dias! 

por vezes gostava de ser como alguns irredutíveis da minha vida: ter tanta certeza de que estou no caminho certo que nada me faça arredar pé. depois penso, entendo, sinto e vejo que apenas seguem um determinado rumo porque nada lhes é mais fácil, habitual e, afinal, o eterno recomeço se tornou fácil e conhecido, enquanto que a construção é um terreno desconhecido e que os apavora e, enquanto o caminho não chegar ao fim, é por esse que seguirão, até onde tiverem que chegar, por mais que eu faça, diga ou sinta (e já nem faço nem digo, só sinto)! e sinto-me triste! tão triste! e grata pelo milhão de incertezas que me assolam todos os dias.

 

em resumo: aprendi com os irredutíveis da minha vida que cada qual tem que fazer o seu caminho até ao fim e, que se os amo, apenas me resta manter um espaço aberto, para onde sabem que poderão sempre sempre voltar. isto, sem prejuízo da minha vida. fácil não será. mas é bom chegar aqui. 

era bom lembrar-nos que, de cada vez que esticamos um dedo para apontar ao outro, pelo menos três dedos da mesma mão, apontam na nossa direcção... e só eu sei o quanto já apontei dedos injustamente e me arrependo disso! 



irredutível 
(i- + redutível

adj. 2 g.
1. Não reduzível.
2. Que não se pode decompor.
3. Que não pode voltar ao seu lugar ou estado primitivo.
4. Indomável.
(Priberam)

irredutível  
Invencível.

Ex: Tentei convencê-lo, mas ele está irredutível.

(Dicionário inFormal)


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20
Ago13

always

por Lazy Cat

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20
Ago13

livros, livros, livros

por Lazy Cat

quem me conhece sabe: onde eu estou, há livros. posso já nem me lembrar dos títulos, posso já ter devorado várias vezes todos os clássicos, posso lembrar-me apenas que era um livro "normal" com uma gralha na página trezentos e vinte e quatro mas, aquilo de que eu gosto mesmo de fazer na vida (e que posso confessar aqui) é ter overdoses de leitura! Nas útlimas 5 semanas li  seis livros, sendo que um deles é, como diz a Susana, um processo: um raio de um livro que não consigo acabar nem deixar de ler! é então muito curioso que ainda não tivesse falado de livros aqui. e talvez só me tenha lembrado porque, num dos grupos de que faço parte no FB, (e isto lembra-me que o FB também precisa de uma limpeza em grande!) resolveram perguntar qual era o próximo livro que queríamos ler. assim querer querer, eu quero ler muitos! agora conseguir ler é que é o caos! leio muito depressa. é normal ler um livro por semana. (se se perguntam comoé porque não me conhecem! e a resposta é fácil: eu não vejo televisão. ou muito mas muito raramente. gosto é de filmes e como costumo adormecer a meio...) 

 

não vejo televisão, não jogo regularmente a jogos parvos, nem a outros (a não ser que seja uma espécie de competição), não vou para lado nenhum sem um livro atrás, por mais pesado que seja. e se não tiver nada para ler é porque estou em modo "escritora". lol. autora, brevemente, mas por enquanto, escritora só e então rabisco black-book atrás de black-book e não há bloco que me resista! 

 

mas, voltando ao livros, estou tremendamente curiosa acerca do "New York Times - Guide to essential knowledge" . Curiosa acerca do livro e acerca daquilo que será considerado conhecimento essencial....depois conto-vos que o livro deve estar quase a chegar. e esta é outra coisa que vem a propósito do destralhanço: deixei de ter pilhas de livros por ler a crescer pelos cantos da casa! agora quando muito tenho um livro em espera e estou a ler outro. 

 

e como tenho amigas muito queridas que participam activamente no meu esforço para destralhar a minha vida, a Ana ofereceu-me um presente fantástico. assim, em vez de pilhas e pilhas de livros, tenho o registo dos que já li - e estou a aprender a passar à frente - e dos que quero ler. e tenho imensas páginas para rabiscar. tudo num sítio só. obrigada minha querida! 

 

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"If you are lucky enough to find a way of life that you love you have to find the courage to live it."
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